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Segundo Abreu (2005), o comportamento sexual
humano é divergente e determinado por uma combinação de vários
factores tais como relacionamentos do indivíduo com os outros, a
suas vivências e a sua cultura, sendo assim o que é normalidade
sexual está relacionado ao facto de a sexualidade ser compartilhada
com consentimento mútuo, sem carácter destrutivo de modo a que o
indivíduo não entre em contradição com as regras da sociedade em
que vive.
A sexualidade humana envolve várias actividades
(pensamentos, fantasias, carícias, ente outras) e comporta várias
fases (excitação, orgasmo, desejo e resolução).
Tal sexualidade quando satisfeita ou bem-sucedida
pode influenciar no bem-estar do indivíduo e mal sucedida pode
provocar disfunções ou transtornos a nível biopsicossocial.
O presente trabalho debruça se sobre as
parafilias como um tema relacionado com a cadeira de Psicopatologia
de desenvolvimento.
Tem como metodologia a revisão bibliográfica.
Segundo Abreu (2005) a palavra parafilia
etimologicamente é composta por duas palavras: para
que significa paralelo, ao lado de e
filia que
significa amor ou apego a.
A APA (2013) classifica as parafilias como fazendo
parte dos Transtornos de personalidade não especificados, pois esta
categoria apresenta sintomas característicos de transtornos de
personalidade que causam sofrimento clinicamente significativo ou
prejuízo no funcionamento biopsicossocial mas não satisfazem todos
os critérios para qualquer transtorno de classe de diagnóstico dos
transtornos de personalidade.
Sendo assim, a APA (2013) define o termo parafilia
como sendo o interesse sexual intenso e persistente que não é
voltado para a estimulação genital ou carícias preliminares com
parceiros humanos que consentem e apresentam fenótipo normal e
maturidade física ou ainda o termo parafilia define como qualquer
interesse sexual maior ou igual a interesses sexuais normofilicos.
Abreu (2005), refere que a parafilia esta
configurada quando há necessidade de se substituir a atitude sexual
convencional por qualquer outro tipo de expressão sexual, sendo este
substituto e como a única maneira de excitação sexual,
configurando um padrão de conduta rígido, o qual, na maioria das
vezes torna se numa compulsão opressiva que impede outras
alternativas sexuais.
Segundo a APA (2013) o transtorno parafílico é
uma parafilia que esta a causar sofrimento ou prejuízo ao indivíduo
ou uma parafilia cuja satisfação implica dano ou risco de dano a
outrem. Se difere da parafilia em si porque algumas parafilias são
descritas como interesses sexuais preferenciais e por a parafilia ser
uma condição necessária mas não suficiente para que se tenha um
transtorno parafílico e não justifica uma intervenção clínica.
São necessários critérios que facilitam o
diagnóstico como o critério A (natureza qualitativa da parafilia)
e, critério B (consequências negativas), esta distinção entre
transtorno e parafilia é dada nos critérios, para ser um transtorno
o indivíduo precisa responder aos dois critérios.
A APA (2013) divide os transtornos em 3 classes:
- Transtornos de namoro (porque se assemelham a componentes distorcidos do comportamento num namoro) - transtorno voyeurista, exibicionista e fotteurista.
- Transtornos de algagonia (os quais envolvem sofrimento) - masoquismo sexual e sadismo sexual
- Preferências por alvo anómalo transtorno pedofílico, tranvéstico e fetichista.
Em geral, os transtornos parafílicos são mais
comummente vistos em homens, e o tipo de transtorno parafílico mais
comum é a pedofilia.
O exibicionismo dá se quando a pessoa mostra seus
órgãos genitais a uma pessoa estranha, no geral em local público,
e a reacção desta pessoa a quem pegou de surpresa lhe desperta
excitação e prazer sexual, mas geralmente não existe qualquer
tentativa de uma actividade sexual com o estranho. As pessoas baixam
as calças em sinal de pretexto ou ataque a parceiros morais não são
exibicionistas, pois não fazem isso com finalidade sexual.
Segundo a APA (2013), há critérios
de diagnóstico para este transtorno:
- Por um período de pelo menos 6 meses, excitação sexual recorrente e intensa resultante da exposição dos próprios genitais a uma pessoa que não espera tal facto, conforme manifesto por fantasias, impulsos ou comportamentos;
- Os impulsos sexuais foram postos em prática sem a falta de consentimento de outrem e causam sofrimento clinicamente significativo que afecta a área social, profissional ou outras áreas relevantes.
Diagnóstico diferencial
O transtorno exibicionista segundo a APA (2013),
podem ser comparados a transtornos comórbidos sendo assim há
necessidade de determinar uma linha de separação:
Transtorno de conduta e personalidade
anti-social
O transtorno de conduta em adolescentes e de
personalidade anti-social são caracterizados por comportamentos
adicionais como violação de normas e comportamentos anti-sociais,
sem estar presente o interesse sexual.
Transtornos por uso de substâncias
Estes transtornos podem envolver episódios
exibicionistas isolados por parte dos indivíduos intoxicados sem por
isso haver interesse sexual típico de expor os genitais a pessoas
sem o consentimento das mesmas. As fantasias, impulsos ou
comportamentos sexuais exibicionistas recorrentes ocorrem também
quando o individuo não esta intoxicado.
O fetichismo traduz se na preferência sexual do
indivíduo voltada para objectos, tais como calcinhas, sutiãs, luvas
ou sapatos, sendo que a pessoa utiliza estes objectos para se
masturbar ou exige que a parceira ou parceiro sempre use o objecto em
questão durante o ato sexual, caso contrário não conseguiria
excitar se e realizar o acto sexual.
Critérios de diagnóstico
Segundo a APA (2013):
- Por um período de pelo menos seis meses, excitação sexual recorrente e intensa resultante do uso de objectos inanimados ou de um foco específico em uma ou mais de uma parte não genital do corpo, conforme manifesto em fantasias, impulsos ou comportamentos;
- Fantasias, impulsos sexuais ou comportamentos causam sofrimento clinicamente significativo ou no funcionamento social, profissional ou em outras áreas relevantes;
- Os objectos do fetiche não se limitam a artigos do vestuário usados em travestismo ou a dispositivos criados para a estimulação genital.
Diagnóstico diferencial
Transtorno transvéstico
Conforme observado nos critérios diagnósticos, o
transtorno fetichista não e diagnosticado em casos em que o fetiche
se limite a artigos de vestuário usados exclusivamente durante o
acto de se vestis como o outro sexo ou caso o objecto de estimulação
genital tenha sido feito para esse fim.
Transtorno de masoquismo sexual ou outros
transtornos parafílicos
Os fetiches podem ocorrer em simultâneo com
outros transtornos sobretudo o sadomasoquismo. Quando o individuo tem
fantasias sobre vestir se como o outro sexo ou se envolve em tais
actividades, ou, ainda, atinge excitação sexual principalmente sob
dominação ou humilhação associadas a tal fantasia ou actividade
repetida, deve se fazer o diagnóstico sobre masoquismo.
Comportamento fetichista sem transtorno
fetichista
O uso de um objecto de fetiche para excitação
sexual na ausência de qualquer sofrimento ou prejuízo da função
psicossocial ou de outra consequência adversa associada não atende
aos critérios para transtorno fetichista, visto que o limite exigido
pelo critério B não e atendido.
É caracterizado pela utilização de roupas
femininas por homens heterossexuais para se excitarem, se masturbarem
ou realizarem o acto sexual, sendo que em situações não sexuais se
vestem de forma normal.
Quando passam a vestir se como mulheres a maior
parte de tempo, pode haver um transtorno de género, do tipo
transexual por baixo dessa atitude. É importante ressaltar que o
fetichismo transvéstico também só é diagnosticado como um
transtorno de parafilia quando é feito de uma forma repetitiva e
exclusiva para obter prazer sexual.
Critérios de diagnóstico
Segundo a APA (2013):
- Por um período de pelo menos seis meses, excitação sexual recorrente e intensa resultante de vestir se como o sexo oposto;
- As fantasias, impulsos sexuais ou comportamentos causam sofrimento clinicamente significativo e prejuízo nas áreas relevantes da vida do indivíduo.
Diagnóstico diferencial
Transtorno fetichista
Este transtorno pode assemelhar se ao transtorno
transvéstico. Para distinguir o transtorno transvéstico tem que se
ter em conta os pensamentos específicos do indivíduo durante tal
actividade.
Disforia de género
Indivíduos com transtorno fetichista transvéstico
não relatam incongruência entre o género sentido e o género
designado nem desejo do outro género. Geralmente não tem história
de comportamentos infantis transgénicos os quais estão presentes em
indivíduos que apresentam disforia de género.
É a atitude de um homem que para obter prazer
sexual, necessita tocar e esfregar seu pénis em outra pessoa,
completamente vestida, sem o consentimento dela, excitando-se e
masturbando-se nessa ocasião. Isso ocorre mais comummente em locais
onde há grande concentração de pessoas, como metros, autocarros e
outros meios de locomoção públicos.
Critérios de diagnóstico
Segundo a APA (2013):
- Por um período de pelo menos seis meses, excitação sexual recorrente e intensa resultante de tocar ou esfregar se em alguém que não consentiu, conforme manifesto em fantasias, impulsos ou comportamento;
- Os impulsos sexuais foram postos em prática sem o consentimento da pessoa e estes impulsos causam sofrimento significativo ou prejuízo no funcionamento biopsicossocial.
Diagnóstico diferencial
Transtorno de conduta e personalidade
anti-social
São caracterizados por comportamentos adicionais
de infringir de regra e anti-sociais, o interesse sexual por tocar ou
esfregar se em alguém pode estar ausente.
Transtorno por uso de substâncias
Particularmente aqueles que estão relacionados ao
consumo de cocaína e anfetaminas podem envolver episódios
frotteuristas isolados, mas podem não envolver interesse sexual
contínuo típico de esfregar se ou tocar em pessoas sem o respectivo
consentimento. Os comportamentos frotteuristas podem não ser
observados quando o individuo não esta intoxicado
Envolve pensamentos e fantasias eróticas
repetitivas ou actividade sexual com crianças menores de 13 anos de
idade. Está muito comummente associado a casos de incestos, ou seja,
a maioria dos casos de pedofilia envolve pessoas da mesma família
(pais/ padrastos com filhos e filhas). Em geral o ato pedofilico
consiste em toques, carícias genitais e sexo oral, sendo e
penetração menos comum. Hoje em dia, com a expansão de internet,
fotos de crianças tem sido divulgadas na rede, sendo que olhar
dessas fotos, de forma frequente e repetida com finalidade de se
excitar e masturbar-se consiste em pedofilia.
Critérios de diagnóstico
Segundo a APA (2013):
- Por um período de pelo menos seis meses, fantasias sexualmente excitantes, impulsos ou comportamentos intensos recorrentes envolvendo a actividade sexual com crianças ou crianças pré-puberes;
- Estes impulsos sexuais ou comportamentos causam sofrimento intenso ou dificuldades interpessoais.
- O indivíduo tem no mínimo 16 anos de idade e pelo menos cinco anos mais velho que a criança.
Diagnóstico diferencial
Muitos transtornos podem ser comórbidos.
Transtorno de personalidade anti-social
Este transtorno aumenta a probabilidade de uma
pessoa que tenha uma atracção por principalmente o corpo humano
maduro se aproxime sexualmente de uma criança, em algumas ocasiões
com base na disponibilidade relativa. Outro sinais o individuo
demonstra deste transtorno como o desrespeito recorrente as leis.
Transtornos por uso de substâncias
Os efeitos desinibidores da intoxicação podem
aumentar a probabilidade de aproximação sexual a uma criança
Transtorno obsessivo-compulsivo
Alguns indivíduos se queixam de pensamentos e
preocupações ego-distonicas acerca duma possível atracção por
crianças. Os dados da entrevista clínica podem revelar ausência de
pensamentos sexuais por crianças durante estados elevados de
excitação sexual.
Existe masoquismo quando a pessoa tem necessidade
de ser submetida a sofrimento, físico ou emocional, para obter
prazer sexual, e o sadismo é quando a pessoa tem necessidade em
infligir sofrimento (físico ou emocional) a um outro, e disso
decorre excitação e prazer sexual. O mais comum ao se pensar em
sadomasoquismo é associar o sofrimento a agressões físicas e
torturas, mas o sofrimento psicológico também pode ser considerado
forma de sadomasoquismo, e consiste na humilhação que se pode
sentir ou impor. Actos sadomasoquistas só serão considerados
parafilias quando forem repetitivos e exclusivos, sendo que quando
eles ocorrem ocasionalmente dentro de um relacionamento sexual
normal, são apenas formas alternativas de prazer e não uma
perversão ou parafilia.
Critérios de diagnóstico
Segundo a APA (2013):
- Excitação sexual intensa e recorrente por um período de seis meses, resultante do acto de ser humilhado, espancado, amarrado ou vítima de qualquer outro tipo de sofrimento, conforme manifesto em fantasias, impulsos e comportamentos;
- As fantasias, impulsos sexuais ou comportamentos causam sofrimento clinicamente significativo ou prejuízo nas áreas relevantes da vida do indivíduo. Pode se especificar seque pode ser com asfixifilia (excitação sexual por restrição da respiração).
Diagnóstico diferencial
Muitas das condições que podem ser diagnósticos
diferenciais para o transtorno de masoquismo (fetichismo, sadismo
sexual, hiperssexualidade e etc.) ocorrem por vezes como transtornos
comórbidos. Assim e necessário avaliar cuidadosamente as
evidencias, mantendo a possibilidade de outras parafilias ou outros
transtornos mentais. O masoquismo sexual na ausência de sofrimento
também pode ser incluído no diagnóstico diferencial, visto que as
pessoas que apresentam os comportamentos podem estar satisfeitas com
a sua orientação masoquista.
Quando alguém precisa observar pessoas que não
suspeitam estarem sendo observadas, quando elas estão a despir se,
nuas ou no acto sexual, para obter excitação e prazer sexual, pode
ser considerado voyeurismo.
Segundo Koch e Rosa (s /d) é importante
ressaltar que essas condições só serão consideradas doenças
quando forem a única forma de sexualidade do indivíduo, e que a
tentativa dele em recorrer a outras formas de sexualidade para obter
prazer sexual geralmente serão fracassadas, o que levara a pessoa a
continuar insistindo na mesma atitude.
Koch e Rosa (s/d) referem que as parafilias
decorrem de alterações psicológicas durante as fases iniciais do
crescimento e desenvolvimento da pessoa. Em geral pessoas que
apresentam tais problemas não buscam tratamento espontaneamente, o
que só acontecerá quando seu comportamento gerar conflitos com o
parceiro sexual ou com a sociedade. Sendo assim, tais pessoas
aparecem em consultórios psiquiátricos trazidas contra sua vontade
ou são presas por serem apanhadas ou denunciadas.
Critérios de diagnóstico
Segundo a APA (2013):
- Por um período de pelo menos seis meses, excitação sexual recorrente e intensa ao observar uma pessoa que ignora estar sendo observada e que esta nua, despindo se ou em meio a actividade sexual;
- O indivíduo colocou em prática esses impulsos sexuais com alguém sem o seu consentimento ou as fantasias, impulsos sexuais ou comportamento causam sofrimento clinicamente significativo ou prejuízo em áreas relevantes da vida do indivíduo;
- O individuo que se excita e/ou coloca em pratica os impulsos tem no mínimo 18 anos de idade.
Diagnóstico diferencial
Transtorno de conduta e transtorno de
personalidade anti-social
Estes transtornos são caracterizados por
comportamentos anti-sociais e contra as normas, e o interesse sexual
específico de observar alguém deve estar ausente.
Transtornos por ingestão de substâncias
Estes transtornos podem envolver episódios
voyeuristas isolados em indivíduos intoxicados, mas não devem
envolver observação de pessoas que estão nuas ou em actividade
sexual e os impulsos, fantasias ou comportamentos podem não ser
observados quando o individuo não esta intoxicado.
O tratamento é a única saída, mas não é
específico. Não há cura porque não tem efectividade segura, seja
farmacológica ou psicoterapêutica. Contudo, o indivíduo consegue
viver com ela, podendo reduzi-la em frequência e intensidade, e
assim controlar sua compulsão, eventualmente até fazendo-a
desaparecer com o passar dos anos.
As parafilias são problemas que afectam
significativamente a vida do individuo a nível biopsicossocial
tornando possível através de tais disfunções o desenvolvimento de
transtornos a nível da personalidade como o caso dos transtornos
parafilicos, que foi possível notar que estes quando não
controlados podem causar dano.
Há transtornos parafilicos que ninguém percebe
que a pessoa tem e outros que tem perfil de psicopatas. A pedofilia é
um transtorno cuja prática é um crime. A satisfação sexual do
indivíduo, na pedofilia, é um crime, no entanto, se ela ocorre só
na cabeça do indivíduo, se o indivíduo consegue controlar e apenas
vê em imagens e revistas sobre crianças, aí não constitui um
crime.
É tarefa do psicólogo
conhecer melhor tais disfunções para que este possa intervir e
melhorar a qualidade de vida do sujeito.
- Abreu.P.I (2005). Delito sexual. Consultado em 12 de Agosto de 2015, em Portal dos psicólogos: www. psicologia.com.pt
- Koch. S. A & Rosa. D.D (s/d). Disfunção sexual. Consultado em 25 de Julho de 2015, em: www.abcdasaude.com.br
- Associação de Psicólogos Americanos (2013).Manual de diagnóstico estatístico de transtornos mentais. 5ª Edição. Artmed editora.
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