sexta-feira, 19 de maio de 2017

Cultura Africana e Comportamento Organizacional


1. Introdução

As organizações são um conjunto de pessoas que juntam esforços para alcançar um certo objectivo, e dentre as varias pessoas cada um tem um jeito característico de se comportar, tendo dessa forma que se adaptar um comportamento padrão ou seja um jeito universal de se comportar.
O trabalho em causa é realizado no âmbito da disciplina de Perspectivas Africanas dos Fenómenos Psicológicos e tem como foco a cultura africana e o comportamento organizacional.
Para delimitar o rumo deste trabalho traça-se o seguinte como objectivo geral compreender a relação entre a cultura africana e o comportamento organizacional e como objectivos específicos discutir os conceitos de cultura, comportamento e comportamento organizacional, explicar a relação existente entre a cultura africana e o comportamento organizacional e Identificar o impacto da cultura africana no comportamento organizacional.
Como procedimento metodológico, foi usada a pesquisa bibliográfica em livros, artigos e revistas científicas com vista a verificar o que já foi publicado sobre o tema referido e a discussão grupal para dar um sentido lógico aos conteúdos.
Pode encontrar-se neste trabalho a discussão dos conceitos chaves para melhor compreensão do tema, uma breve apresentação da cultura africana, alguns indicadores do comportamento organizacional a relação existente entre o comportamento organizacional e cultura africana.

2. Discussão de conceitos

2.1. Cultura

Significações transmitidas historicamente e veiculado por símbolos, um sistema de representações herdado das gerações precedentes e expresso sobre formas simbólicas por meio das quais os homens comunicam-se, perpetuam e desenvolvem os seus conhecimentos e as suas atitudes para com a vida, (Geertz, 1973 apud Neto 2002, p.14).
A cultura consiste em padrões de comportamento socialmente transmitidos que servem para adaptar as comunidades ao seu modo de vida (tecnologias, modo de organização económica, padrões de agrupamento social, organização política, crenças, práticas religiosas, etc.).

2.2. Cultura Africana

O Homem africano, à semelhança de outros homens, é um ser predominantemente cultural, graças à cultura, ele superou suas limitações orgânicas. A cultura africana reflecte a sua antiga história, sendo tão diversificada como foi o seu ambiente natural ao longo dos tempos. O continente africano é o território habitado há mais tempo, (supõe-se que foi neste continente que a espécie humana surgiu; os mais antigos fósseis de hominídeos encontrados na África, concretamente na Tanzânia e Quénia) têm cerca de cinco milhões de anos. Sendo o continente mais antigo do planeta e a sua evolução agregou uma enorme quantidade de idiomas com mais línguas, religiões, regimes políticos condições de habitação, actividades económicas e de cultura (Krauss & Rosa ,2007).
O homem africano conseguiu sobreviver através dos tempos com um equipamento biológico relativamente simples.
O povo africano foi sempre considerado um povo sem cultura, primitivo, bárbaro ou seja verdadeiros animais e essa visão só foi alterada quando os primeiros países africanos conseguiram sua independência realizando desde então esforços necessários para recuperar a sua cultura (Krauss & Rosa, 2007).
A maior parte da cultura africana foi transmitida oralmente e a história de seus povos foi contada pelos colonizadores europeus, através de missionários, viajantes, e colonizadores que trouxeram relatos sobre a vida e os costumes dos povos aqui residentes.
No continente africano, a cultura é todo o complexo que inclui conhecimentos, crenças, arte, moral, leis, costumes ou qualquer outra capacidade ou hábitos adquiridos. O homem age de acordo com os seus padrões culturais, ele é resultado do meio em que foi socializado, neste sentido cultura africana é caracterizada pela diversidade de hábitos, costumes, valores e padrões de comportamento e ainda por basear-se nos costumes e tradições (Krauss & Rosa ,2007).


2.3. Comportamento Organizacional



Chiavenato (1999), define comportamento organizacional como sendo o estudo da dinâmica das organizações e como os grupos e pessoas se comportam dentro delas. É uma ciência interdisciplinar. Como a organização é um sistema cooperativo racional, ela somente pode alcançar seus objectivos se as pessoas que a compõe coordenarem seus esforços a fim de alcançar algo que individualmente jamais conseguiriam (Beckard, 1972).
Na mesma linha de pensamento, Araújo (2001), acrescenta referindo que comportamento organizacional é um campo da pesquisa que ajuda a prever, explicar e possibilitar a compreensão de comportamentos nas organizações.
Wagner III e Hollenbeck (1999) citados em Siqueira (2002) entendem-no como uma disciplina que busca prever, explicar, compreender e modificar o comportamento humano no ambiente empresarial.

3. Níveis do comportamento organizacional

Para a análise e compreensão do comportamento organizacional, Robbins (1999) citado em Siqueira (2002) propõe um modelo básico composto por três níveis propondo quais variáveis são de interesse de cada um nomeadamente:
  • Nível individual: neste nível o autor arrola as variáveis biográficas, de personalidade, valores, atitudes e habilidade, pois estas influenciam os processos psicológicos de percepção, motivação e aprendizagem individuais que, por sua vez, afectam o processo de tomada de decisão individual.
  • Nível dos grupos e equipes de trabalho: neste nível a análise é representada no modelo por interacções bidireccionais entre os processos de tomada de decisão grupal, comunicação, liderança, conflito, poder, política, estrutura de grupo e equipes de trabalho.
  • Nível da organização: neste nível o autor relaciona temas como cultura, políticas e práticas de recursos humanos, estrutura e dimensionamento da organização, bem como tecnologia e dimensionamento do trabalho.
Robbins (1999) citado em Siqueira (2002) aponta como resultado do comportamento organizacional a produtividade, o absenteísmo, a rotatividade e a satisfação resultantes da interdependência entre as variáveis integrantes dos níveis de análise individual, grupal e organizacional.


Robbins (2005) coloca que os objectivos do estudo sob comportamento organizacional seriam: explicar, prever e controlar o comportamento humano. Explicar ocorre após o acontecido, por isso explicar no sentido de entender as causas que levam ou levaram a pessoa a se comportar daquela maneira.
Prever está ligado a eventos futuros e, portanto, o estudo do comportamento permite se antecipar aos tipos de comportamento que possam ser apresentados a uma mudança.
Pode-se avaliar o tipo de reacção que os colaboradores teriam a uma tomada de decisão.
Controlar é o objectivo mais controverso no emprego do conhecimento do comportamento humano, na medida em que esse controle não deve ser manipulativo ou ferir a liberdade individual, no entanto, deve-se utilizar o controle de forma ética, e assim permitir que se possa compreender por exemplo, como fazer para levar as pessoas a se esforçarem mais em seu trabalho.
Numa análise profunda do grupo, verifica – se que os conceitos acima apresentados evidenciam os comportamentos dos indivíduos de forma coordenada e complementar que visa atingir um objectivo comum e individual. Segundo Dubrin (2006), esse conjunto de comportamento ocorre de forma grupal, podendo ser grupos de pequena, média e longa dimensão.


4. Relação da Cultura Africana e Comportamento Organizacional

O comportamento dos indivíduos depende de um aprendizado, de um processo chamado endoculturação ou socialização. Pessoas de raças ou sexos diferentes têm comportamentos diferentes não em função de transmissão genética ou do ambiente em que vivem, mas por terem recebido uma educação diferenciada. Assim, pode-se concluir que é a cultura que determina a diferença de comportamento entre os homens.
Baseando-se na teoria vigotskyana percebe-se que para compreender o comportamento humano em todos os níveis é imperioso, antes de mais nada que se estude e se pesquise a história sócio -cultural dos indivíduos em causa. Essa visão transporta consigo a noção da importância da cultura na compreensão dos comportamentos quer de indivíduos quer de grupos (Marchiori, 2006).

O comportamento organizacional e social em contexto africano, pode ser explicado com base na cultura destes. As crenças, os valores, as percepções, a visão e as tradições africanas jogam um papel fundamental e crucial nos comportamentos dos indivíduos e de grupos (Marchiori, 2006). Deste modo, Krauss & Rosa (2007), defendem que o comportamento organizacional sofre influência da cultura onde a organização está inserida.
Não há dúvidas de que as organizações localizadas nos territórios africanos, têm uma relação directa das sociedades circunvizinhas, deste modo, há uma comparticipação das tradições, das crenças e dos valores culturais destas. Por outro lado, as organizações são sistemas abertos, com isso, recebe muitos estímulos externos que tem impacto directo no comportamento (Krauss & Rosa, 2007).

Devido a natureza da cultura africana, as organizações inseridas em África tomam características próprias que as distinguem de outras organizações localizadas fora da África. Assim, o comportamento organizacional em África, como um campo de estudo das dinâmicas de comportamentos de indivíduos e grupos em contextos de trabalho, tem una natureza característica e própria.
Contudo, para compreender o comportamento organizacional e as dinâmicas ocorridas nas organizações nas culturas africanas, é preciso que se tenha em mente os valores culturais dessas sociedades.

5. Relação tema-cadeira

Tendo a disciplina de Perspectivas Africanas e dos Fenómenos Psicológicos como objectivo compreender os comportamentos desviantes sob o conhecimento colectivo da comunidade e sendo uma organização no contexto africano, para maior adaptabilidade ao meio, esta tem a necessidade de se adequar aos hábitos, costumes, crenças do local na qual esteja inserida, criando assim uma cultura interna que tome em consideração a cultura local e os objectivos traçados pela organização de modo a que não haja grande disparidade na vivência do trabalhador no que se refere a cultura experienciada no seu contexto formal e informal. O tema se relaciona à cadeira na medida em que estuda-se a visão africana dos fenómenos psicológicos nesta e o comportamento organizacional estuda o comportamento humano dentro das organizações.

6. Conclusão

Neste trabalho abordou-se o tema Cultura Africana e Comportamento organizacional e conclui- se que a cultura africana faz-se sentir nas organizações pelo facto de estarem em África e de que as organizações devem ajustar-se a cultura onde estão inseridas porque cada integrante duma organização tem suas crenças, valores e hábitos mas essas características não devem influenciar negativamente as organizações.
Tendo cumprido com os objectivos traçados no inicio do trabalho, concluímos que as organizações não devem ser instituições fechadas e restritas a cultura africana porque é esse conjunto de significações transmitidas historicamente e veiculado por símbolos que fará com que as organizações estejam adequadas a comunidade e ao contexto em que estiverem inseridas.
Este trabalho foi muito importante pois foi a partir do mesmo que foi possível compreender melhor que devido a natureza da cultura africana, as organizações inseridas em África tomam características próprias que as distinguem de outras organizações localizadas fora da África tendo cada, um toque seu embora estando inseridas num único contexto.

7. Referências Bibliográficas:


  1. Araujo, L. S. G. (2001). Organização, Sistemas e Métodos e as modernas ferramentas de gestão organizacional: arquitetura, benchmarking, empowerment, gestão pela qualidade total, reengenharia. São Paulo: Atlas
  2. Beckard, R. (1972). Desenvolvimento Organizacional: estratégias e métodos. São Paulo: Edgard Blücher
  3. Chiavenato, I. (2005). Comportamento Organizacional: A Dinâmica do Sucesso das Organizações. Campus. Dispunível em: http://culturapopular2.blogspot.com/2010/03/os-africanos.html, acesso no dia 01 de 10 de 2012.
  4. Dubrin, A. J. (2006). Fundamentos do Comportamento Organizacional. São Paulo: THomson
  5. Krauss, J. S. & e Rosa, C. da (2007). A importância da temática de História e Cultura Africana e Afro-brasileira nas escolas
  6. Lobos, J. A. (1978). Comportamento Organizacional: literaturas selecionadas. São Paulo: Atlas
  7. Marchiori, M. (2006). Cultura e Comunicação Organizacional: um olhar estratégico sobre a organização. São Caetano do Sul : Difusão.
  8. Neto, F. (2002). Psicologia Intercultural .Universidade Aberta: Lisboa
  9. Robbins, S. P. (2005). Comportamento organizacional. Sao Paulo: Pearson Education.
  10. Siqueira, M. M. (2002). Medidas do Comportamento Organizacional. São Paulo: Universidade Metodista.

     Autores: 
    Ancha Berta
    Bianca Claudia
    Delto C. Muendane
    Justina Tamele 
    Elcidia Chilaúle
    Luísa Tembe, 2017


Sem comentários:

Enviar um comentário

Em Destaque

As Amizades Tóxicas

Sabem por quê as nossas mães não tem amigas? É algo simples!  Quando uma mulher vai ao lar, ela deve se afastar de muita coisa assim...