Os
fenómenos existenciais da humanidade incluindo os psicológicos, em
África são interpretados com b011).
A
psicologia ocidental durante muito tempo tem-se mostrado em algumas
situações não eficiente para resolver os problemas psicológicos
Africanos, devido as diferenças culturais entre o Ocidente e a
África, e as leis humanas que regem o povo africano em particular o
Moçambicano, (Sabune, 2011).
O
pensamento ocidental sempre procurou manipular a identidade colocando
sempre o africano como um ser não pensante, alegando que o africano
era primitivo, supersticioso, não civilizado, sem história,
(Sabune, 2011).
Assim
como a psicologia ocidental, a psicologia africana deve abordar temas
como o bem-estar, cultura, personalidade, aquisição da linguagem, o
comportamento humano, construção da família, a atitude de se
relacionar com o outro, (Sabune, 2011).
O
presente trabalho surge no âmbito da cadeira de Perspectivas
Africanas dos Fenómenos Psicológicos, como forma de fazer menção
a interpretação dos fenómenos psicológicos, visto que não há
povo sem cultura. Na antiguidade os fenómenos psicológicos do povo
africano eram interpretados e tratados com base cultural, isto é
através da medicina tradicional.
Assim
sendo a psicologia em África ainda é um grande desafio, pois a
saúde mental é considerada como uma área da medicina que se dedica
ao tratamento de doentes mentais “malucos”.
O
mesmo tem como objectivo geral: Compreender os desafios que a
Psicologia Africana tem no mundo contemporâneo, tendo em conta que
esta tem suas origens no ocidente. E objectivos Especificos: analisar
os fenómenos psicológicos africanos fazendo uma relação com o
mundo da globalização, e explicar até que ponto essa globalização
afecta a cultura Africana, particularmente em Moçambique.
O
trabalho tem como estrutura, introdução, surgimento da psicologia
como ciência, historial da psicologia africana, colonização da
psicologia africana, componentes da psicologia africana, teoria e
terapia da psicologia africana, interpretação dos fenómenos
psicológicos em áfrica, desafios da actuação da psicologia em
áfrica, relação do tema com a cadeira, conclusão e referências
bibliográficas.
Para
elaboração do mesmo recorreu-se a manuais que abordam o tema,
alguns artigos da Internet, e discussão intragrupal.
Teles
(2003) define a psicologia como a ciência que busca compreender o
homem e seu comportamento, para facilitar a convivência consigo
próprio e com o outro.
De
acordo com Barbosa (2012), Desde a Grécia antiga que o homem teve a
necessidade de se conhecer. Alguns filósofos preocupavam-se em
definir a relação do homem com o mundo através da percepção.
William
James John Watson, Pavlov e Wundt deram a sua contribuição para o
desenvolvimento científico da psicologia com várias teorias, entre
elas podemos referir o Behaviorismo, o Estruturalismo, a Psicanálise
e o Construtivismo.
O
estruturalismo é defendido por Wundt e vai de encontro com a
organização estrutural dos processos mentais que se associam. Wundt
procurou decompor a mente nos seus elementos simples, as sensações.
Médico, filósofo e psicólogo, Whundt é considerado um dos
fundadores da psicologia moderna. Desta forma a psicologia surge como
um ramo da filosofia sendo o primeiro ramo especifico a seguir. Foi
no século XIX com Wundt que a psicologia
afirmou
como ciência, Wundt
foi o criador do primeiro laboratório de psicologia em 1879 e nele
foram medidas e
classificadas
as sensações no seu aspecto visual, táctil, olfactivo e
cenestésico.
Alguns
autores como, Ignácio Martí-Baró, Wade Nobles e Akbar por exemplo,
não concordam com a visão dos psicólogos Afro-americanos quanto a
representatividade da psicologia Euro-americana como uma psicologia
que pode ser universalmente representativa.
Eles partem de principio que os brancos que estudaram o passado dos africanos acabaram distorcendo a história negra, as práticas religiosas e os costumes eram tidos como superstição. Os cristãos olharam para os Africanos como pagãos e assim bombardearam com ideais negativas a cultura negra, obrigando-os a adotar a cultura europeia. Deste modo os verdadeiros escritores e poetas de África foram emudecidos pelo fato da Psicologia ter sido importada como uma coisa já feita no Ocidente.
Posto as críticas feitas pelos intelectuais Africanos, devemos destacar outro ponto ao qual os mesmos dão uma maior ênfase, que é revelar a verdadeira cultura negra, a própria holística do africano.
Eles partem de principio que os brancos que estudaram o passado dos africanos acabaram distorcendo a história negra, as práticas religiosas e os costumes eram tidos como superstição. Os cristãos olharam para os Africanos como pagãos e assim bombardearam com ideais negativas a cultura negra, obrigando-os a adotar a cultura europeia. Deste modo os verdadeiros escritores e poetas de África foram emudecidos pelo fato da Psicologia ter sido importada como uma coisa já feita no Ocidente.
Posto as críticas feitas pelos intelectuais Africanos, devemos destacar outro ponto ao qual os mesmos dão uma maior ênfase, que é revelar a verdadeira cultura negra, a própria holística do africano.
Enfatiza-se
o fato de que o ser humano precisa ser considerado como sendo um
todo, no entendimento africano não somos apenas racionais mas também
afetuosos. Assim podemos concluir que o individuo não pode ser
estudado isoladamente do seu contexto histórico, social e
geográfico, (Cardoso, 2008).
Segundo
Cardoso (2008), os brancos recebem a colonização mental
passivamente, pois os mesmos vivem uma condição de supervalorização
enganosa de sua aparência na ideia imposta sobre o ser branco. Isto
impede o individuo de reconhecer outras formas de ser e de viver o
mundo que é igual para todos. Sem esta concepção os brancos
recusam reconhecer a humanidade do outro, neste caso indígenas e
afrodescendentes. Estas pessoas perderam a capacidade de reconhecer
que o outro pode ser diferente mas nem por isso deixa de ser humano.
A
Psicologia Africana contou com o contributo do Fanon
que foi um psiquiatra que reflectiu acerca da aplicação de
princípios psicológicos na África contemporânea. A contribuição
de Fanon não se cingiu apenas em aspectos ligados ao colonialismo
mas também aos efeitos que a própria colonização causou ao
africano. Ele trabalhou com a psicologia das pessoas colonizadas
(antes e depois), como também com a psicologia da mentalidade
colonial. As contribuições de Fanon ocorreram durante os anos
cinquenta e inicio dos anos sessenta, e estas iluminaram o africano
rumo a descolonização, pois, neste período muitos países
colonizados lutavam pela libertação nacional, (Sandes,
2011).
Ele
rejeitou o foco ontogenético de Freud no complexo de édipo, e
propôs uma perspectiva sociogenética, enfatizando a importância de
factores culturais e sociológicos do comportamento (Fanon
citado por Sabune,
2011).
De
acordo com Sandes (2011), em Freud, o complexo de Édipo é o núcleo
constitucional da subjectividade. Foi neste núcleo que Freud
estabeleceu o elo para sua analogia entre o desenvolvimento da libido
individual e o desenvolvimento da civilização do indivíduo,
realizando uma extensão da psicologia individual à psicologia das
massas.
Fanon
também discordou com a concepção da inconsciência colectiva de
Jung, discutindo que esta era uma questão filogenética de
disposições herdadas, afirmando que a inconsciência colectiva,
recorrendo ou não aos genes, é pura e simplesmente a soma de
preconceitos, mitos, atitudes colectivas de um determinado grupo.
(Fanon citado por Sabune,
2011).
Segundo
Jung citado por Modelli (2009), o inconsciente colectivo, possuía
sentimentos, pensamentos e recordações que condicionavam cada
sujeito (desde seu nascimento), inclusive, em sua forma de simbolizar
os sonhos. Ou seja, o modo preferencial de uma pessoa reagir ao mundo
deve-se dentre outras, a herança genética, as influências
familiares e as experiências que o indivíduo teve ao longo de sua
vida.
A
sociogénese de Fanon poderá sugerir uma afinidade mais íntima a
Adler do que a do Freud e Jung. Porém, ele não está totalmente de
acordo com Adler. Embora a psicologia de Adler considera factores
sócio patogénicos no desenvolvimento de problemas de saúde mental,
a sua psicologia continua centrada na dinâmica de egos distintos
dentro da família, sem incorporar a família num contexto sócio
histórico e cultural, (Sandes,
2011).
Os
poetas e escritores de África, a voz da comunidade psicológica nas
suposições ideológicas da disciplina, foram relativamente
emudecidos. A razão mais óbvia é o facto de a Psicologia ter sido
importada como um produto já feito do Ocidente.
O
debate sobre as regras e a orientação da Psicologia nas sociedades
africanas ocorreu dentro de constrangimentos de paradigmas
contemporâneos. Akin-Ogundeji (1991) lamenta o facto de a Psicologia
em grande parte dos países de África (Nigéria) cingir-se ainda em
pesquisas de sala de aula, principalmente interessada com os rigores
de trabalho empírico, que são de pouca relevância prática para os
problemas da vida na sociedade contemporânea. Os relatórios de
pesquisa são muito “artificiais”, "seco", "sem
sentido", ou "irrelevantes" e para serem significantes
Akin-Ogundeji clama por fundamento da Psicologia africana dentro das
realidades socioculturais e das experiências humanas na África.
Nsamenang
citado por Holdstock (2000), diz que a Psicologia de natureza
Eurocêntrica importada para África é questionável quanto a sua
relevância para o continente Africano. Os métodos de pesquisa
convencionais são incapazes de acessar e avaliar as perspectivas do
desenvolvimento do africano. Ele problematiza a importância da
cultura no desenvolvimento, e defende a contextualização no sentido
de se ter uma compreensão do desenvolvimento humano em África. As
metodologias de pesquisa precisam ser contextualizadas, as
ferramentas de avaliação têm que ser sensíveis à cultura.
Segundo
Sandes (2011), na altura do Apartheid, na África do Sul
verificaram-se divergências de opiniões quanto ao modo de exercício
da Psicologia. Um grupo (o grupo dominante-brancos) defendia o uso do
estado actual psicológico como ponto de partida. Outro grupo
(negros) clamava por uma revisão do estado actual da Psicologia. Os
que aderiam à manutenção do estado actual da Psicologia (o grupo
dominante) descreveram-se como “progressivos”, “liberais”, e
“políticos”. São indivíduos deste grupo que na maioria dos
casos administrou psicologia nos moldes tradicionais (psicologia
ocidental), e que foram acríticos sobre as políticas da disciplina
durante a era de apartheid.
Segundo
Nogueira (2013:99) citando Abkar (2004), A orientação da Psicologia
Africana é centrada na natureza, tomando como norma a natureza do
ser humano e o funcionamento da natureza em geral, e a partir desta
orientação Abkar (2004), postulou um modelo africano de
personalidade humana que é significativo e universal, e se pretende
livre de premissas etnocêntricas. Este modelo descreve que o ser
humano manifesta a vida em diferentes planos: físico, mental e
espiritual, nos quais estes planos apresentam uma unidade entre si.
Para
os africanos a pessoa é vista como um espírito em sua essência,
possuindo componentes físico e mental como instrumentos para o
crescimento e desenvolvimento espiritual, sendo este o propósito
último da existência.
5.1- O componente físico
A
característica mais proeminente do organismo físico é a sua
orientação para a sobrevivência, ou seja, para a manutenção da
sua existência. O recém nascido responde imediatamente a fome, a
sede e a dor, não sendo necessária nenhuma lição sobre "como
tornar-se uma pessoa" para experimentar um prazer genuíno
quando aliviamos a fome. Mesmo as formas do controle voluntário são
orientadas para a preservação do corpo, como é o caso do sistema
homeostático e do sistema de defesa (Abkar, 2004).
Na
componente física, a doença significa a existência de processos
que ameaçam a sobrevivência do organismo e o ser humano normal ou
saudável é aquele que é cauteloso e protege a sua vida em todas
dimensões, sendo que a dimensão física não é o objectivo maior
da vida, os planos mental e espiritual são as dimensões mais
elevadas da existência.
5.2- Componente mental
Segundo
Nogueira (2013) citando Abkar, a inteligência ou a esfera mental é
uma dimensão da vida, e que sua efectividade pode ser avaliada pelo
grau em que ela preserva e perpetua a si mesma. É possível afirmar
que assim como o corpo manifesta a fome precisa se alimentar
(comida) para manter-se fisicamente, a mente tem uma fome paralela; a
fome da mente é nutrida pelo conhecimento que traz luz, orientação,
direcção, discriminação e efectividade para o ser humano, este
conhecimento que alimenta e perpetua a vida é a comida da mente. Da
mesma forma que o corpo, a mente é naturalmente equipada com uma
fome por tal conhecimento. A curiosidade é a fome da mente.
5.3- Componente espiritual
Vários
escritores da visão do mundo africana sustentam que o ser humano é
intimamente ligado com a força suprema no universo através da vida
espiritual, espírito este que representa o potencial humano para a
perfeição desde antes do nascimento e através da essência eterna
que continua após a morte. O espírito é a dimensão transcendental
da pessoa que é da mesma substância do Divino (Nogueira, 2013).
A
estagnação da ciência ocidental no mundo empírico esconde a maior
parte das dimensões mais amplas da natureza e do ser humano. O
fracasso avassalador da Psicologia para resolver a grave crise mental
do mundo ocidental contemporâneo e de seus habitantes é em parte
devido à sua incapacidade de reconhecer a essência espiritual do
ser humano (Akbar, 2004 : 149).
Segundo
Nogueira (2013 :103) citando Abkar, a concepção profunda africana é
a de que os humanos são essencialmente espirituais, a sobrevivência
do espírito representa a sobrevivência última do ser humano. Os
planos físico e mental operam como canais para a sustentação,
transmissão e crescimento da vida espiritual. É possível dizer que
a vida física e a vida mental abastecem a vida espiritual, porém a
vida espiritual é capaz de se manter na ausência de uma ou de
ambas. O espírito também tem fome, a fome do espírito seria a fome
metafísica, a fome pelo infinito, pelo transcendente e pela
perfeição. O corpo tem fome de ingredientes finitos (comida,
experiência sexual, reprodução ) enquanto que a mente tem fome de
conhecimento, iluminação, ordem e comunicação. A vida espiritual
tem fome do universal, do transcendente, fome de Deus.
Segundo
Nobles (2009), na psicologia africana exige-se que se obtenha uma
compreensão profunda da pessoa africana mediante a pesquisa, o
estudo e o domínio do processo de iluminar o espírito ou a essência
humana.
Para
os africanos o entendimento africano exige a explicação dos
fenómenos, bem como o funcionamento da natureza (essência) do ser
humano.
Para
Nobles (2009), a África e as coisas africanas devem ser examinadas e
apreendidas no espaço africano e não ocidental com significados e
aplicações africanas. Agir de forma contrária vai limitar o
conhecimento africano e suas inspirações ao campo de visão dos
instrumentos e das interpretações europeias.
Nobles
(2009) recomenda que as coisas africanas devem ser examinadas e
apreendidas no contexto africano, pois a psicologia Ocidental não
pode compreender as crenças de povos africanos.
Nobles
(2009) em sua obra refere que quando se explana a respeito da psique
africana, logo tende-se a procurar explicações nas abordagens
psicológicas ocidentais, o que leva a se cometer erros de
interpretações a respeito da como e a visão africana, ou seja, a
forma como os africanos vêm o mundo. Neste sentido, a perspectiva
africana não vem no sentido de descartar ou negar completamente a
perspectiva ocidental, mas sim está contra o princípio negativo
causado pela supremacia ocidental nas suas relações de poder e
violência, dentre elas a escravidão imposta por eles à milhares de
africanos durante centenas de anos, que muitas vezes levou à
alienação, aprisionamento psicológico e mortes de milhões de
africanos.
No
entretanto para se compreender os elementos constituintes da mente
africana, precisa-se ter em conta, primeiramente, a compreensão da
visão que os africanos têm do mundo e os seus significados e
significantes, pois é o elemento base do entendimento da concepção
do que é ser, humano ou pessoa, na perspectiva africana (Nobles
citado por Barros, 2011).
Neste
caso, é importante que a África e os fenómenos africanos sejam
examinados e apreendidos no contexto africano, ou seja, com
significados, ideias e aplicações africanas. Agir de outra forma,
que não se adequa ao contexto africano, significa dar primazia às
abordagens ocidentais, restringindo a forma de interpretar e intervir
nos fenómenos africanos e anular o conhecimento do povo africano
(Nobles, 2009). Contudo, é inevitável o uso da psicologia
ocidental, na medida em que ela fornece métodos e técnicas
cientificamente consagrados para a interpretação e intervenção
dos fenómenos psicológicos, independentemente da sua origem, sendo
apenas importante a sua contextualização.
Com
o advento da globalização, que resultou na fusão de culturas,
conhecimentos, economia, política, arte, através dos mídia, o povo
africano (nós), tendem a perder cada vez mais a sua identidade,
passando maioritariamente a se identificar como o outro. Apesar de a
globalização ter seus aspectos positivos, como expansão do
conhecimento científico, desenvolvimento económico, troca de
experiência e intercâmbio cultural, ela põe em causa as
manifestações culturais de alguns países da periferia,
particularmente os países africanos
A
psicologia Africana nasceu para explicar os fenómenos que a
Psicologia ocidental esta limitada, pois a psicologia negra (sakhu
sheti) exige que se respeite a particularidade das diferentes
experiências históricas dos africanos em diferentes épocas e
lugares (Nobles, 2009).
- A falta de espaço para actuação do psicólogo em África;
- Elaborar teorias Africanas e compreender os fenómenos com base na étnica ou cultura;
- Elaborar teorias que compreendam a influência dos factores culturais, étnicos, educacionais na vida do sujeito africano;
- A psicologia tem que compreender o Africano no seu território;
- Aceitações do próprio psicólogo, porque ainda se têm em mente que o psicólogo apenas se limita ao tratamento das perturbações mentais, e não das outras diversas áreas do saber como saúde e bem-estar, cultura, educação, comportamento organizacional, comportamento social etc.
- As metodologias de pesquisa precisam de ser contextualizadas a realidade africana;
- As ferramentas de avaliação e de estudo têm que ser sensíveis á cultura estudada.
Observa-se
que a perspectiva Africana aborda tanto os aspectos físicos da
pessoa, quanto os aspectos espirituais, psíquicos e comportamentais.
Os
fenómenos psicológicos em África devem ser vistos não só do
ponto de vista do Ocidente, mas também do ponto de vista
sociocultural africano, pois quando se interpreta os fenómenos
psicológicos africanos deve se ter em conta a influência de
variáveis tais como a cultura, crenças, valores, a família e o
ambiente. Assim, torna-se necessário ver o individuo de forma
holística, como um todo e não como a soma das suas partes.
A ideia
dada não é para ignorar a psicologia ocidental, mas sim não
tomá-la como a única perspectiva possível de interpretar de forma
válida os fenómenos psicológicos africanos. É recomendável que
se olhe para a cultura do individuo, pois, é com base nas suas
crenças, nos seus valores, na sua tradição e religião que este
interpreta e gere os seus sentimentos, pensamentos e emoções. Por
exemplo, na cultura africana considera-se que a saúde é o bem-estar
bio-psico-sócio-espiritual do indivíduo, pois o Homem africano é
antes de mais um ser espiritual e é com base na noção que ele tem
da sua espiritualidade que compreende a si, a vida e a morte. A
tradição africana (rituais, curandeirismo e a divindade) não deve
ser vista como uma prática tradicional remota, fechada e
ultrapassada, mas sim como uma resposta dos nossos dias que ajuda as
pessoas a enfrentar os desafios do dia-à-dia por intermédio dos
seus ente-queridos.
Há
uma necessidade de se abordar este tema na cadeirade Perspectivas
africanas dos fenómenos psicológicos, pois na actualidade não
basta só interpretar os fenómenos psicológicos baseando-se apenas
nas teorias ocidentais, e sim devemos ter em conta a cultura em que o
indivíduo está inserido.
Em
jeito de conclusão é pertinente referir que a psicologia como
ciência surgiu no ocidente trazendo consigo suas teorias, técnicas,
instrumentos e métodos de intervenção colidindo assim com a
psicologia africana. Trata-se de duas perspectivas da psicologia, a
ocidental e a africana.
Assim,
é quase impossível intervir os aspectos psicológicos africanos sem
ter em conta a sua cultura, modo de vivência, seus hábitos e
costumes, ou seja, será impossível intervir na psicologia africana
sem ter em conta o seu contexto sociocultural.
Com
a globalização, que resultou na fusão de culturas, conhecimentos,
economia, política, arte, através dos mídia, o povo africano
(nós), tendem a perder cada vez mais a sua identidade, passando
maioritariamente a se identificar como o outro e é o desafio do
psicólogo despertar a sociedade a buscar aspectos positivos, como
expansão do conhecimento científico, desenvolvimento económico,
troca de experiência e intercâmbio cultural, pois esta põe em
causa as manifestações culturais de alguns países da periferia,
particularmente os países africanos.
Os
africanos diferentemente dos europeus
sempre valorizaram as relações humanas. O homem é visto pelo
africano como a coisa mais importante, o homem africano é
essencialmente colectivista, espiritual e religioso, não sendo
necessariamente no acto de frequentar uma igreja ou um dogma
religioso, eles o são no sentido de honrar o que representa uma
preocupação da humanidade.
Deste
modo, todas práticas de psicologia ocidental quando usadas em
culturas africanas devem ser contextualizadas no sentido de
adequá-las à realidade do povo africano.
11- Fonte
Sabune,
A. (2011). Psicologia
Perspetiva Eurocentrica e Afrocentrica.
acessado a 07 de Março de 2017, disponivel em pepsic.
busalud.org/scielo.php?scripf.
Anonimato(2015).
Psicologia
africana. acessado
a 28 de Fevereiro de 2017,
disponivel
em
http://www.trabalhosfeitos.com/ensaios/Psicologia-Africana/72119812.html.
Nogueira,
S.G.(2013), Psicologia
Critica Africana e descolonização da vida prática da capoeira
Angola. Brasil: São
Paulo acessado a 28 de Fevereiro de 2017, disponível em
http://www.sapientia.pucsp.br/tde_busca/arquivo.php?codArquivo=15996
Sandes,
E (s.d). Olhos
do Psicólogo. São
Paulo. acessado
a 03 de Março de 2017,
disponivel em
http://eliassantaylor85.blogspot.com/2011/03/reexaminando-psicologia-uma-perspectiva.html
Postado por Elias
Ricardo Sande .
Sabune,
A (2011). Psicologia:
Prespectiva Eurocênctrica e Africocêntrica. Acessado
a 03 de Março de 2017,disponível em:
http://anicetosabune.blogspot.com/2011/06/psicologia-perspectiva-eurocentrica-e.html
http://psicologiad30.blogspot.com/2012/03/surgimento-da-psicologia-como-ciencia.html,
acessado a 06 de Março de 2017.
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