A sistemática de registo envolve o conjunto de convenções adotadas
pelo observador. As convenções variam em função da técnica do
registo utilizada, e em alguns casos, em função do trabalho que
está sendo realizado. Os autores sugerem que inicie o registo
informando a localização do sujeito e como ele se encontra, indicar
a pessoa que emite a ação, empregar o verbo no tempo presente ao
registar os eventos, usar o grau normal ao se refeir aos objectos,
registar as acções que ocorrem e não as que não ocorrem, registar
os eventos sucessivos em linhas separadas e os simultâneos na mesma
linha.
Há formas que visam diminuir tempo gasto no registo como: utilizar
símbolos para se referir a aspectos do ambiente físico, tais como
janelas, portas e móveis; letras minúsculas para identificar as
paredes ou lados de uma área; números para se referir aos objetos e
letras maiúsculas para identificar as pessoas que emitem as ações
ou são objeto de uma ação.
Quanto ao registo das expressões faciais, envolve o registro da
direção do olhar da pessoa e o registo das modificações que
ocorrem na face. A dificuldade em registrar as expressões faciais é
devida ao facto dos movimentos ocorrerem em geral, em conjunto, isto
é, ocorrerem modificações simultâneas de duas ou mais partes da
face e essa dificuldade está relacionada também ao fato das
expressões faciais frequentemente acompanharem os comportamentos
motores do sujeito.
Eventos físicos e sociais
O observador do comportamento está
interessado em obter dados referentes às características próprias
do comportamento – duração, frequência, forma mas também, e
principalmente, referentes às circunstâncias nas quais o
comportamento ocorre, procedendo desse modo, o observador pode
identificar relações funcionais entre eventos. A identificação e
descrição de tais relações funcionais permite ao cientista
analisar, predizer e alterar, se for o caso, os eventos observados. A
indicação das circunstâncias sob as quais o comportamento ocorre é
uma informação importante para o entendimento do fenômeno,
qualquer que seja a técnica de registro usada.
Os comportamentos de uma pessoa não
só alteram as condições do ambiente, mas por sua vez, também são
afetados por alterações que ocorrem neste ambiente. As mudanças
que ocorrem no ambiente durante a observação são denominadas de
eventos ambientais que podem ser físicos ou sociais.
Eventos físicos são as mudanças
no ambiente físico que podem aparecer em decorrência de um a acção
da pessoa observada ou da acção de outras pessoas ou ainda da
natureza.
Os eventos físicos podem vir antes
ou após um comportamento. Os eventos que ocorrem antes de um
comportamento são denominados de eventos antecedentes, os que
ocorrem após um comportamento são denominados de eventos
consequentes.
Eventos sociais são comportamentos
das outras pessoas presentes no ambiente. O comportamento do sujeito
é aquele que se está analisando, os comportamentos das outras
pessoas presentes são uma das circunstâncias que podem afetar o
comportamento do sujeito.
A definição de Eventos Comportamentais e Ambientais
Definir um evento é descrever as
características através das quais o observador identifica o evento,
isto é, enunciar os atributos e qualidades próprias e exclusivas de
um evento de modo a caracterizá-lo e distingui-lo de outros.
A definição identifica o evento
que está sendo observado e, consequentemente garante a comunicação
e facilita a compreensão deste evento.
A definição é importante por
permitir que as pessoas interessadas em um certo conjunto de
fenômenos sejam perfeitamente capazes de compreenderem-se umas às
outras e identificar o fenômeno em discussão e o problema principal
na definição de eventos é estabelecer um critério ou critérios,
de forma que dois ou mais observadores possam concordar sobre sua
ocorrência.
Para elaborar uma definição é
preciso ter alguns cuidados como a definição deve ser feita em
linguagem científica, isto é, num a linguagem objetiva, clara e
precisa, deve ser feita de forma direta ou afirmativa isto é, deve
indicar as características do objeto ou do com portam ento,
evitando-se o erro comum de dizer o que ele não é, deve ser
explícita e completa isto é, deve especificar as características
que identificam o evento observado e incluir somente elementos
pertinentes, que constituam características intrínsecas ao fenômeno
ou objeto que está sendo definido.
Ao elaborar um a definição
morfológica, devemos utilizar, como referencial, o próprio corpo da
pessoa, quer dizer, ao descrever um movimento, devemos indicar a
direção e sentido do mesmo tomando como referência as partes do
corpo ou suas regiões
Agrupam ento dos comportamentos em classe
Para conhecer um organismo, para
estudá-lo, é necessário passar algumas horas em contato com ele,
observando e registando seus comportamentos. No início, os
comportamentos parecem ser infinitamente variáveis. Entretanto, após
observações repetidas, passa-se a perceber semelhanças com relação
à morfologia e/ou função do comportamento.
A utilização de critérios
exclusivamente morfológicos ocorre em geral, quando o interesse é o
de identificar e descrever as próprias posturas, aparências e
movimentos apresentados.
Como proceder ao classificar os comportamentos?
As classes formadas devem ser
mutuamente exclusivas, isto é, não deve ocorrer sobreposição de
classes. Cada comportamento deve pertencer a apenas uma das classes;
Todos comportamentos observados e
registados devem ser classificados, não importando que para isso se
criem classes com um único elemento comportamental, em outras
palavras, o observador pode e deve definir tantas classes quantas
forem necessárias para que seu trabalho fique completo;
O observador deve ser coerente com
o critério utilizado, isto é, se optou pelo critério morfológico
deve utilizá-lo exclusivam ente, e o grau de especificidade deve ser
o mesmo para todas as classes.
Os cuidados a serem tomados, com
relação à definição de classes de comportamento são:
- Obedecer aos critérios especificados para uma linguagem cientifica (objetividade, clareza e precisão);
- Ser expressas na form a direta e afirmativa;
- Ser explícitas e completas e
- Incluir somente elementos que lhes sejam pertinente.Fonte: Matos, M. A. & Danna, M. F. (1982). Ensinando observação - uma introdução. Sao Paulo: EDICON
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