Níveis
de Entendimento Interpessoal
Segundo
Sonego e Zamberlan (2006), Selman foi um pesquisador com pouco
destaque, mas contribuiu muito para os estudos sobre moral no
contexto escolar. Seu trabalho trata de um estudo longitudinal, com
base em Piaget e Kohlberg, em que considera essencial a adopção de
perspetiva do outro na assunção de papéis, no desenvolvimento do
pensamento moral. Em outras palavras, o autor hipotétiza uma
correlação entre cognição, moralidade e aspectos interpessoais.
Olhando
mais para as salas de aulas, onde os ambientes em que os
protagonistas agem e estão compostos por díades ou tríades
(professor-aluno, aluno-aluno e professor-alunos-outros alunos) e
nelas o desenvolvimento da autonomia esta relacionado ao potencial de
adocção de perspetivas dos próprios papeis, dos papéis do outro e
das espectativas sociais que se formam acerca dos mesmos (Sonego e
Zamberlan, 2006).
Selman
elaborou níveis específicos que mostram a progressão do
entendimento interpessoal, ou seja, a evolução das estratégias de
negociação empregada pela criança ao interagir numa situação em
que há conflitos.
Segundo
Sonego e Zamberlan (2006) Ao compreender esse desenvolvimento, o
professor pode observar, nas situações em que suas crianças
interagem um como as outras, os níveis de entendimento interpessoal,
tendo assim maiores condições de realizar interações adequadas
auxiliando-as nesse desenvolvimento. Ressalta-se que o facto de um
sujeito atingir o nível superior não significa que actuara somente
nesse nível. Cada nível permanece acessível mesmo que o posterior
tenha sido atingido, ou seja, uma criança pode estar num porem em
algumas situações pode agir no nível de entendimento de forma
menos desenvolvida.
Níveis
de Desenvolvimento da Moral
- Nível 0: Amizade Momentânea e Solução Física para os Conflitos.
As
estratégias de negociação do nível 0 (zero) são egocêntricas,
momentâneas e impulsivas, frequentemente utilizam manifestações
físicas. A resolução de conflitos ocorre por meio de duas
estratégias principais:
- A de não-interação (fugir, afastar-se, esconder-se) a forma de raciocinar da criança parece indicar a inexistência de reflexos sobre os efeitos psicológicos (sentimentos, motivos) gerados nos envolvidos no conflito ao empregar determinada estratégia. A criança pode usar dois mecanismos:
Simplesmente
sugerir que uma das partes envolvidas mude de atitude
Ex:
quando o colega quer brincar de algo diferente do que ela quer, a
criança abandona a brincadeira e vai brincar com outro brinquedo.
Sugerir
a separação física por algum tempo
Ex:
abandonar a briga, sair de perto ou mesmo negar ser amigo da outra
criança.
- A da interação física direta (lutar, agarrar, gritar e agredir) quando uma criança quer um brinquedo que está com outra e dirige-se ate ela e simplesmente retira-o do colega, ou quando, para fazer com que o colega ande mais depressa na fila, empurra-o ou cutuca-o sucessivas vezes.
- Nível 1: Amizade Unilateral e não Relacionada com a Solução dos Conflitos
O
raciocínio do nível 1 reflete uma nova compreensão, a de que os
efeitos psicológicos ou subjetivos do conflito nos envolvidos
(desconforto, raiva, frustração) são tao importantes quanto os
efeitos físicos (perder os brinquedos, machucar-se). Contudo, o
princípio parece aplicar-se apenas quando diz respeito a um dos
indivíduos envolvidos. Assim, para as crianças deste nível um
conflito que é essencialmente sentido por uma parte é causado.
Ex:
“o culpado” foi quem começou; quem retirou o brinquedo/ material
ou que agrediu fisicamente, e o outro lado é vítima.
- Negação da acção problemática, reprovando, desse modo, os sentimentos ofendidos do amigo e dando comando ou ordem unilateral (obediência submissa da outra parte dessa resolução).
- Ter uma acção positiva que ira desenvolver o conforto ou propiciar calma psicológica à pessoa que esta experienciando o desconforto psicológico gerado pelo conflito.
- Com os conflitos ocorrem a partir de acções negativas de uma das duas partes, a criança também demonstra acreditar que as atitudes que levarão a resolução também dependem inteiramente deste
- Nível 2: Amizades bilaterais e Soluções Cooperativas para os Conflitos
O
sujeito reconhece que ambas as partes participam psicologicamente no
conflito e assim devem engajar-se activamente em sua resolução. A
resolução satisfatória requer atender de certa forma a
sensibilidade e o julgamento de cada um dos envolvidos.
Ex:
Quando duas crianças brigam porque cada um quer jogar um jogo e
resolvem o problema jogando primeiro com um e depois com o outro
jogo.
A
criança já acredita que somente uma fala ou um acto de reparação
não é mais suficiente e que ter uma intenção coerente com o que
se diz ou faz deve ser parte do acto de redimir uma pessoa, ou seja,
ela deve ser sincera e estar arrependida ao pedir desculpas ou
desenvolver o brinquedo.
Neste
estagio a criança já é capaz de considerar reciprocamente os
sentimentos e pensamentos dela própria e os do outro, e já
distingue entre a aparência de manifestações externas (como
palavras ou actos) e a verdade ou compreensões internas reais (como
sentimentos ou intensões), sendo portanto capaz de compreender que
os conflitos podem surgir quando alguém, por exemplo, num momento de
raiva, diz ou faz algo sem imitação.
- Nível 3: Estabilidade de Amizade e Soluções Mutuas para os Conflitos
Neste
nível há compreensão de que um certo conflito numa relação de
amizade reside dentro do próprio relacionamento, concentrando-se
mais na interação entre as partes do que nas manifestações
exteriores de cada parte isoladamente.
- Os indivíduos neste nível acreditam que as resoluções não podem ser alcançadas somente por meio de um relaxamento das tensões da relação: cada lado deve sentir que ambos estão totalmente satisfeitos com a resolução tomada e também o estariam se estivessem em lugares trocados, ou seja, um no lugar do outro.
- O reconhecimento de que conflitos de amizades devem-se, talvez, a conflitos de personalidade de forma que a resolução implica numa mudança de personalidade.
- O reconhecimento de que conflitos de um certo tipo devem, de facto, fortalecer um relacionamento ao invés de enfraquecê-lo. Assim, os sujeitos veem a amizade verdadeira como uma continuidade no decorrer do tempo, mesmo havendo inúmeras diferenças.
- A estratégia de que conflitos devem ser, resolvidos, trabalhados ou então dialogados de maneira a esclarecer os aspectos envolvidos. Devido ao facto de que o sujeito neste nível concebe o motivo principal do conflito reside na relação entre as pessoas, o acto de trabalhar a situação-problema é compreendido como um processo mais difícil do que os tipos de resolução geralmente considerados adequados para sujeitos de nível 2. Como tal “trabalho é visto como um comprometimento de ambas as partes, há a consciência de que, por meio desta mutualidade (reciprocidade), a resolução do conflito deve fortalecer a relação ou os laços de amizade.
- Há uma distinção entre o conflito superficial e a existência de vínculos mais profundos. No nível 2 há a distinção entre os sentimentos íntimos e as aparências. No nível 3 há um reconhecimento mais profundo da dicotomia entre a relação intima imediata, durante uma situação de conflito, e a relação afetiva mais duradoura, que transcende tais sentimentos imediatos.
Assim,
a própria relação acfetiva é vista como uma fonte de tratamento,
um recurso para a resolução de conflitos entre as pessoas ou amigos
íntimos.
- Nível 4: Interdependência Autónoma e Acção simbólica como uma Resolução para os Conflitos
Se
a compreensão do nível 3 pode ser caracterizada uma mutualidade
tecida na intimidade das relações, já nível 4 pode ser visto como
uma rejeição parcial da tal mutualidade, pois esta obstrui o
desenvolvimento autónomo. Ocorre uma certa rejeição a uma
superdependencia ou união exagerada que é percebida nas relações
de nível 3. Aqui o sujeito acredita que a total independência é
tao infrutífera quanto a total dependência.
- Outro aspecto importante da resolução de conflito neste nível é a ideia de uma comunicação não-verbal, de tomar acções como simbólico (da reparação) do relacionamento.
- Uma outra característica a ser considerada é a compreensão de que os conflitos intrapsíquicos, ou seja, os conflitos que ocorrem dentro da pessoa, podem ser um factor de conflitos entre esta pessoa e o outro.
- Devido a compreensão de que se tem relações mais aprofundados com determinadas pessoas, havendo comprometimento constante umas com as outras, é preciso portanto “manter abertos os caminhos da comunicação.
Implicações
Educacionais
O
trabalho de Selman (1975) enfatizou os níveis de pensamento das
crianças e adolescentes considerando a perspectiva própria, em
relação ao outro e a este processo denominou Tomada de Perspectiva
Social (TPS). Falando sobre como a criança compreende as relações,
o autor argumenta que na compreensão da criança acerca dos outros,
dos relacionamentos sociais em geral, está implicado seu nível de
desenvolvimento cognitivo, da forma como é descrito por Piaget (Bianchini e Oliveira, 2008).
Autores:
- Delto C. Muendane
- Graziella Marinella Massingue
- Joao Lucas Jangaia
- Jhonson F. Pilima, 2015
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Claudia Hall